Preencher a página vazia, dar início a um novo projeto, quebrar o silêncio, sair do zero... Ir de nada a alguma coisa costuma ser uma das partes mais difíceis do processo criativo.
John Swartzwelder, conhecido por ser quem mais escreveu episódios de Os Simpsons, usa um truque interessante:
Começar
Ele escreve os roteiros o mais rápido possível, o que invariavelmente leva a resultados questionáveis, cheios de clichês e piadas ruins.
No outro dia, ao acordar, lá está um roteiro sobre a mesa. Péssimo, porém pronto, o que já é alguma coisa. Como mal dedicou tempo ou energia àquilo, "é como se um elfo safado tivesse mexido escondido nas minhas coisas à noite e feito um trabalho medíocre no meu lugar", descreve. A partir de então, é só ir consertando. Nada como um ponto de partida.
"Tudo não passa de um instinto, um experimento, um mistério; então comece"
- Elizabeth Gilbert
Terminar
Depois que os elfos vão embora e os ajustes são feitos, uma nova tarefa complicada aparece: saber quando uma criação está concluída. Caso contrário, há o risco de permanecer eternamente aprimorando (ou estragando) algo e jamais colocar no mundo.
Mas sabe aquele senso comum que diz que artistas nunca terminam suas obras, e sim as abandonam? O conceito de abandono, desistência e tormento trazido nesse pensamento sempre me incomodou.
Ao invés disso, prefiro a perspectiva do Paul Gardner: Segundo ele, uma obra nunca é concluída, "ela apenas pára em lugares interessantes".
Jabá da semana
- Marmota, novo álbum do Getúlio Abelha.
- Produzi uma das 10 faixas da coletânea Som das Pedras, com artistas da nova geração de Itapipoca-CE. Lançamento no sábado 12 de junho + entrevistas com artistas envolvidos no projeto ao longo da próxima semana, de 15 a 20 de junho, sempre às 19h. Pre save disponível.
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