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newsletter#14 saturação, colapso e contexto

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Sabe aquela sensação estranha que dá após repetir várias vezes a mesma palavra? Após algumas repetições, ela parece perder seu significado. Esse fenômeno, conhecido como saturação semântica, ocorre quando o cérebro passa a processar a repetição insistente como algo menos importante e sem contexto. Assim, perdemos momentaneamente a capacidade de relacionar aquele som à coisa do mundo real que ele nomeia.

Ou quando somos crianças e voltamos mais cedo da escola por algum motivo. A casa, naquela hora do dia daquele dia da semana em que normalmente nunca estamos, parece um lugar completamente diferente pelo simples fato de ser tudo igual, exceto uma coisa: o contexto.
 

"A realidade se torna infinitamente estranha quando olhamos para ela e não através dela"- Jenny Odell
 


No que você está pensando?
Façamos um exercício. Anotar as dez primeiras coisas que aparecem no feed da sua rede social (vale qualquer uma). Por exemplo, isso foi o que apareceu no meu Instagram:

• Algo sobre o GP de Fórmula 1;

• Alguém parabenizando Erasmo Carlos pelo aniversário;

• Uma citação de Lacan sobre desejos;

• Fotos da Acrópole de Atenas;

• Uma resposta a uma declaração problemática da Juliana Paes;

• Selfie de alguém tomando um suco (mas querendo biscoito);

• Um texto sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente;

• Uma notícia sobre vacinação;

• Um haicai.

Vários assuntos, e alguns até bem importantes. Mas, devido à ausência de algum contexto que gere qualquer mínima conexão entre eles, o todo é um absurdo frenético e entorpecente que não faz sentido algum. E vamos ser sinceros: ao deslizar o feed infinito, somos tragados por bem mais que apenas dez postagens. O que fica depois disso tudo? É o que a especialista em mídias sociais Danah Boyd chamou já em 2013 de “colapso do contexto”.


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A meu ver, um dos maiores desafios ao se criar em meio à instantaneidade sem passado nem futuro desse hoje inerte é procurar se manter consciente do próprio contexto na maior parte do tempo - ao invés de se deixar descontextualizar a todo momento.

Tempo e espaço são duas âncoras importantes da nossa existência. Não à toa, falar sobre o tempo, se vai chover, se faz sol, etc. é universalmente reconhecido como o que há de melhor em matéria conversa fiada.

À medida que dedicamos uma parte cada vez mais significativa de nossos dias - e vidas - a experiências que esvaziam nossa percepção sobre a ordem dos eventos e nosso entorno, tão importantes para nos situarmos no mundo; os denominadores comuns que nos permitem interagir uns com os outros passam a oscilar entre a mediocridade e a hostilidade. Soa familiar?

 

"Para mudar um hábito é preciso estar consciente dele, motivado a mudar e ter uma estratégia para substituí-lo"- Patricia Devine
 


Arrasta pra cima
O modelo comercial de redes sociais como o conhecemos hoje ainda pode ser bastante aprimorado, pro bem ou pro mal. Para pensar mais sobre esse tema, indico:

• O livro do Jaron Lanier;

• A série documental Q: No olho da tempestade e o documentário Fake Famous, na HBO;

• A fala da Danni Suzuki no TEDx Talks;

• Os documentários O Dilema das Redes, Coded Bias e Privacidade Hackeada, na Netflix;

• E esse vídeo do Fabio Porchat, pra encerrar fazendo graça.


até semana que vem :)
 
Caio Castelo toca, escreve e produz
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