Duas maneiras de se dedicar ao tema da Mudança Social
Pierre Guibentif
Sub Director do DINÂMIA'CET-IUL
Realizaram-se recentemente no D’C sessões de debate, já assinaladas na nossa Newsletter anterior, com o objectivo de formular melhor a temática de trabalho da Unidade. É altura de ensaiar uma brevíssima proposta de síntese dos seus resultados.
Uma possível – e certamente parcial – formulação seria a seguinte: Não há mudança social sem discursos que, identificando acções, estabelecendo ligações entre estas, e qualificando os seus efeitos, suscitam novas dinâmicas sociais. Tais discursos motivam actores, fazendo-lhes experienciar as suas próprias forças, assim como outras forças sociais. Encontramo-los hoje nomeadamente na política e na economia, mas também na ciência, e em particular nas ciências sociais e humanas.
Esta tese coloca o D’C perante um desafio de identificação. Com efeito, qualquer unidade de investigação pode afirmar-se como dedicada à mudança social, pelo seu contributo para a produção cumulativa de novos conhecimentos. Em que consiste, então, a vocação específica do D’C? Há duas maneiras de responder:
Uma: o D’C especializou-se na participação em iniciativas que consistem em dinamizar novos discursos de mudança. Disto, esta Newsletter fornece muitos exemplos. Entre estes: evocamos aqui o percurso de António Fonseca Ferreira, que nos deixou em 14 de Janeiro, e que se dedicou à promoção do planeamento urbano; está neste momento a decorrer um ciclo de conferências dedicado às práticas de monitorização e avaliação; acaba de ser premiado um artigo sobre a dualização do mercado de emprego, texto com a vocação de alimentar os debates de política de emprego.
A outra: o D’C aborda como um objecto de investigação próprio, os discursos pelos quais se pretende dinamizar mudanças, estudando as suas fontes, a sua diversidade, os seus efeitos e as suas... mudanças. Um trabalho que intensificámos agora, nomeadamente pelas referidas sessões.
Talvez seja pela segunda resposta que afirmaremos mais claramente a nossa especificidade. Mas teremos que saber relacioná-la produtivamente com a primeira.
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