Olá!
A nossa percepção do que foi a escravatura é uma miragem. A barbárie é inimaginável e, no entanto, aconteceu. No século XIX, nos EUA, criou-se o Underground Railroad. Um movimento formado por abolicionistas e escravizados para libertar pessoas da escravatura. Uma rede de suporte, feita de abrigos, esconderijos e contactos que ajudava as pessoas a fugir dos estados a sul do país. Colson Whitehead escreveu um romance com o mesmo nome, adaptado numa série de 10 episódios por Barry Jenkins em 2021.
Barry Jenkins tem uma capacidade incomparável de nos fazer reflectir e emocionar sobre a vulnerabilidade humana. Em “The Underground Railroad” retrata-se o caminho para a liberdade de uma mulher escravizada. É brutal e dilacerante. Sim, temos de fazer pausas e não é nada recomendável o binge-watching, mas em nenhum momento a violência retratada é gratuita. O que distingue este projecto é a procura da individualidade. O direito a ela. Seja há dois séculos atrás, seja hoje em dia, e bem sabemos como tantas vezes continuamos sem este direito assegurado.
“The Underground Railroad” faz-nos pensar no legado deixado por estas pessoas aos seus descendentes. É por isso que se inclui neste episódio Oprah Winfrey a recitar uma passagem de “Song of Solomon”, de Toni Morrison. Duas mulheres extraordinárias que seriam, também elas, apenas uma miragem para as pessoas escravizadas aqui retratadas.
O alinhamento de canções procura ser representativo de mutações e superações geracionais: há por isso um paralelo entre Marvin Gaye e Childish Gambino; Mahalia Jackson com a música interpretada em Washington no mesmo dia que Martin Luther King Jr. proferiu “I Have a Dream”; Michael Jackson, Mayra Andrade e Kendrick Lamar - este com “i”, materializando a ideia e importância da individualidade.
NUCLEAR encerra mais um ciclo de episódios para regressar durante a rentrée. O novo episódio está disponível nas principais plataformas, em www.culturanuclear.pt, com conteúdos para descobrir por lá, e na Comunidade Cultura e Arte. Fiquem connosco!
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